Ilhas de Abrolhos
As Aves do arquipélago de Abrolhos
Sula dactylatra
Piloto-branco ou Atobá-mascarado
É a espécie mais comum em Abrolhos, reproduzindo-se em todas as ilhas do arquipélago com as maiores concentrações nas ilhas de Santa Bárbara, Siriba e Sueste. Uma estimativa da população nidificante em julho de 1994 indicou a presença de cerca de 800 indivíduos com ovos e/ou filhotes no arquipélago.
Apresenta coloração geral branca com asas e cauda marrom-escura, íris amarela, bico e pés amarelados, Machos e fêmeas são senhalados possuindo uma mancha preta-azulada ao redor dos olhos e na base do bico. A fêmea é um pouco maior que o macho e a vocalização difere entre os sexos. No início do ciclo reprodutivo, o bico e os pés do macho adquirem uma tonalidade amarelo forte.
O ninho, com pouco ou nenhum material, é construído, preferencialmente, em áreas planas. A corte envolve deslocamentos no território, construção, em geral simbólica, do ninho e muita vocalização.
Sula leucogaster
Piloto-pardo ou Atobá marrom
Nidifica durante todo o ano em colônias reprodutivas principalmente nas ilhas Sueste e Redonda. Alguns casais podem ser encontrados nas ilhas de Santa Bárbara e Siriba. Em julho de 1994 a população foi estimada em 400 indivíduos adultos em ninhos com ovos e/ou filhotes, sendo o número equivalente à metade do número observado no piloto-branco nestes estágios.
Possui plumagem predominante marrom-escura, com ventre e partes inferiores das asas brancas. Nesta espécie a diferença entre os sexos é mais acentuada. A fêmea apresenta o bico de cor amarelo-rosado com uma mancha escura à frente dos olhos. No macho o bico e mais afilado e de coloração amarelo-azulada, contrastando com o azul existente em volta dos olhos. Com exceção da cauda, a fêmea apresenta maiores dimensões quando comparada ao macho; seus pés são amarelo-pálido e os do macho, amarelo mais escuro no início do ciclo reprodutivo. A voz do macho é bem distinta da voz da fêmea e, nele, a região da bolsa gular adquire uma tonalidade abóbora, característica dos indivíduos que estão se reproduzindo.
Esta espécie tem preferência por áreas periféricas e acidentadas para construir seu ninho, utilizando vários tipos de materiais como gravetos, folhas e raízes. Os ninhos quando localizados perto da linha de maré comumente são construídos próximos a rochas ou troncos trazidos pelo mar.
Estas duas espécies em geral têm a postura de dois ovos, que são incubados por cerca de 45 dias pelos adultos. O filhote nasce sem penas, com os olhos fechados e totalmente dependente dos pais. Com um mês adquire uma penugem branca que vai sendo substituída por penas e, com quatro meses, apresenta a coloração geral marrom.
O alimento é fornecido pelos pais por meio da regurgitação e constitui-se de peixes e lulas. Em Abrolhos estas aves consomem principalmente peixes-voadores de família Exocoetidae.
Raramente criam mais de um filhote; o segundo, caso nasça, é expulso do ninho pelo mais velho, como diversas vezes foi observado. Segundo Nelson (1978) os ovos eclodem em dias diferentes e pé extremamente raro o segundo filhote sobreviver. Para criar dois filhotes é necessário um maior esforço dos pais na obtenção de alimento que é mais escasso em regiões tropicais. Coelho e Tal, comentam um caso de sucesso na criação de dois filhotes no piloto-pardo na Ilha de Cabo Frio em Arraial do Cabo, Rio de Janeiro. Em Abrolhos, em duas ocasiões, foram registrados dois filhotes do piloto-pardo (com cerca de sete semanas) em um mesmo ninho e um caso semelhante para o piloto-branco. Bege e Pauli (1988) também observaram a criação de dois filhotes do piloto-pardo nas Ilhas Moleques do Sul, em Santa Catarina.
Observações realizadas nas colônias das duas espécies conduziram a evidências de que o piloto-pardo é bem mais arisco do que o piloto-branco, ressentindo-se de interferências próximas ao seu ninho, chegando a abandoná-lo temporariamente, mesmo quando possui filhote recém-nascido. As ilhas Sueste e Redonda são as duas únicas onde há colônias do piloto-pardo. Nestas ilhas não há desembarque, exceto com fins de pesquisa.
Anous stolidus
Benedito ou Andorinha-do-mar-preta
A principal colônia localiza-se na Ilha Guarita, havendo registros de ninhos isolados no costão sudeste da Ilha de Santa Bárbara. Em março de 1995, no início do período reprodutivo, a população foi estimada em 3.000 indivíduos. Anualmente reproduz-se em Abrolhos, de fevereiro a setembro e em seguida migra para outras áreas (Soares 1997).
A coloração geral dessa ave é marrom, com capuz cinza-prata, não havendo diferenças aparentes entre machos e fêmeas.
A postura, em geral de apenas um ovo, é feita diretamente no solo ou em ninhos confeccionados com algas do gênero Sargassum, além de vegetais terrestres. A incubação dura, em média, 32 dias e o filhote nasce com uma penugem que varia de branca a marrom-escura. Há um revezamento dos pais no cuidado com o filhote, que é alimentado com pequenos peixes, suas larvas e lulas.
O desenvolvimento do filhote é bastante rápido. Com dois dias de vida já se desloca nas proximidades do ninho, com cerca de 40 dias já efetua pequenos voos e com 56 dias já é semelhante ao adulto no aspecto geral. Ao final do ciclo reprodutivo toda a população deixa Abrolhos e migra para locais desconhecidos.
Phaethon aethereus
Grazina ou Rabo-de-palha
Reproduz-se em todas as ilhas, sendo sua maior colônia reprodutiva no litoral brasileiro em Abrolhos (Antas 1991). Em junho de 1992 foram registrados 70 casais em ninhos com ovo ou filhote nas quatro maiores ilhas.
É uma ave branca com o dorso rajado de negro, bico de coloração vermelha forte e sobrancelha negra. As penas centrais da cauda, longas e estreitas, são a característica mais marcante e de onde deriva o nome "rabo-de-palha".
Nesta espécie não existe diferença aparente entre os sexos. A corte, essencialmente aérea, ocorre em grupos compostos por um os mais pares que são vistos em voos emitindo vocalizações.
Utilizam como local para ninho reentrâncias em penhascos e cavidades entre blocos de rochas no solo. A postura é de apenas um ovo e, em geral, há pouco ou nenhum material no ninho; o filhote nasce com uma penugem acinzentada que vai sendo substituída pelas penas, apresentando, nesta fase, o bico amarelado. Desloca-se no solo com dificuldade, utilizando bico e asas no auxilio a essa locomoção.