Santiago do Chile, 23 jun (EFE).- A 60ª assembléia da Comissão Internacional da Baleia (CIB) começou hoje em Santiago com os representantes de 80 países pressionados pela decisão de estender ou não a proibição da caça de baleias e a ampliação dos santuários.
Segundo fontes da reunião, os cinco dias de debates serão dedicados também a discutir a modernização da Comissão, criada há 62 anos, em 1946.
No ato inaugural da reunião, o ministro de Relações Exteriores chileno, Alejandro Foxley, pediu que caçadores e conservacionistas cheguem a um consenso e reiterou o apoio de seu país a proibição.
Paralelamente à reunião, a presidente chilena, Michelle Bachelet, assinou na cidade litorânea de Quintay, próxima a Santiago, um projeto de lei que declara as águas jurisdicionais Santuário de Baleias.
A governante também assinou o decreto que torna estes mamíferos marítimos Monumento Natural e um terceiro que estende a proibição da caça de forma indefinida no país.
Conforme disse Bachelet, o projeto tipifica o delito de caça de cetáceos, proíbe matar, caçar, possuir, transportar, comercializar ou efetuar qualquer processo de transformação de qualquer espécie viva ou morta de cetáceo.
O chanceler Foxley também apoiou o processo de reforma da CBI, e se comprometeu "a contribuir de forma responsável e realista" no debate sobre o futuro da organização.
"Ao entrar em processo de negociação como o presente, é necessário que as partes busquem soluções que sejam aceitáveis para todos e que salvaguardem os interesses fundamentais", disse Foxley que pediu que não se desfraude as expectativas em relação à proteção das baleias.
"É um desafio complicado de conseguir", disse o chanceler, que também solicitou, com apoio do presidente da CBI, William Hogarth, que a Comissão convoque para seus debates as ONGs conservacionistas, que até agora participam como observadoras.
Hogarth anunciou que os representantes de cerca de 50 órgãos ambientalistas poderão pela primeira vez discursar no plenário, mas somente sobre o futuro da organização.
A extensão ou não da proibição à caça de baleias e a ampliação dos santuários que as protegem dividem os delegados.
Enquanto a União Européia e 13 países da América Latina estão perto de prolongar indefinidamente a suspensão imposta em 1986, outro grupo de países liderados por Japão, Islândia e Noruega procura encerrar a medida.
Neste contexto, Foxley defendeu a busca de soluções e decisões por consenso, o que definiu como "o primeiro passo para um maior entendimento".
"Só através do diálogo se pode encontrar um terreno comum entre os que pensam diferente", disse.
O chanceler também pediu aos delegados que "esgotem todas as instâncias antes de submeter uma decisão a votação".
Segundo Hogarth, no plenário foi debatida uma moção para que durante a reunião não sejam adotadas resoluções por votações, a fim de evitar situações de tensão.
Nesta oportunidade, o comitê científico da CBI entregou um relatório que afirma que as análises demonstraram grandes reduções de baleias a partir dos anos 70 e ainda foi constatado que muitas espécies estão em "precário estado de conservação".
O texto diz ainda que é preciso ter cautela para interpretar as estimativas deste ano, já que não há uma resposta precisa sobre quanto cresce a população de baleias.
No entanto, o delegado japonês, Joji Morishita, anunciou que seu país pretende retomar, "sob controle internacional", a caça sustentável de espécies abundantes de cetáceos.
"O Japão está comprometido com a conservação e proteção das espécies ameaçadas", assegurou.
Entretanto, o representante norueguês Karsten Klepsuik disse à Agência Efe que seu país "é contra a proibição".
"A Noruega é um dos poucos países no mundo que comercializa baleia, mas o fazemos de forma responsável e sustentável, baseada em métodos científicos", afirmou.
Já o representante do Greenpeace, Milko Schvartzmann, disse à Agência Efe, que este é um momento crucial da CBI, para que a organização se transforme em um entidade de conservação dos cetáceos.
A reunião da CBI começou com um protesto de grupos conservacionistas locais, que se reuniram para se manifestar a favor das baleias nos arredores do hotel onde acontece o encontro, no leste de Santiago, mas foram reprimidos por carabineiros, que prenderam 15 pessoas. EFE
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